segunda-feira, 26 de março de 2012

Dublagem Saint Seiya Ômega ( entrevista inédita )

Para começar, qual o seu primeiro contato com a dublagem? Como foi que você começou?
Olá leitores, me chamo William Beoulve e atualmente resido em Porto Alegre (RS). Bom, primeiramente, como já deve ter ficado bem claro, a dublagem pra mim ainda é só um hobby, um passatempo, mas é algo pelo qual eu sou simplesmente apaixonado, acho que é possivelmente uma das minhas atividades favoritas, eu comecei mais ou menos no meio de 2005, com 15 anos de idade, eu sempre gostei muito de desenhos, e sempre gostei muito de criar, de “viver” os meus personagens favoritos, de forma geral, acho que toda criança tem isso, em brincadeiras com os amigos, irmãos ou colegas de escola, é na infância que a gente treina essa coisa de encarnar em uma brincadeira uma realidade que não é a nossa, no caso, dos personagens.

E como foi o processo de aprendizagem?
Lento, muito lento. Já que é uma atividade com a qual eu não tinha o menor convívio no dia-a-dia, eu não fazia a menor ideia de como se fazia aquilo. Aprender a ter senso crítico é fundamental. Outra coisa que ajudou muito também foi ver algumas entrevistas com dubladores, seja em eventos de anime ou na internet, principalmente quando eles falam do processo, como é que é a coisa em si. E por último (pra não me alongar demais, embora saiba que já estou falando muito e a maioria não vai paciência pra ler isso até o fim), através da internet, no início de 2007, achei outras pessoas que tinham esse mesmíssimo hobby maluco que eu tinha, e a partir daí isso passou a se tornar ainda mais divertido, porque antes eu fazia as vozes de todos os personagens das cenas, ou até chamava um ou outro amigo, mas eles não tinham o mesmo interesse que eu pra fazer isso, algo que todo esse pessoal que conheci na net tinha, e isso foi muito legal porque além de eu chamar eles pra participarem dos meus vídeos eu também participava dos deles, e então depois de pronto ia lá pro youtube e a gente comentava a respeito dos vídeos, e havia também todo um aprendizado, porque nós não só nos elogiávamos, havia também a crítica, o que fez muito bem pro nosso aprendizado.
Posteriormente, acabei tendo contato e conversado com alguns dubladores que me deram dicas ótimas, e também fiz algumas visitas a alguns dos melhores estúdios de dublagem de Rio e SP onde passei algum tempo acompanhando o trabalho o que pra mim foi um imenso aprendizado.

Além do Kouga o que mais você já fez?
Então, eu comecei em 2005, falando bem de boa, não lembro de tudo, até porque muitas coisas nesse processo eram ceninhas curtas de 1 minuto ou até menos e realmente eu não tenho como lembrar. Mas vou falar alguns mais relevantes, projetos maiores, ou até mesmo coisas mais recentes que me lembro.
O meu projeto “do coração”, que é com certeza a série que eu mais gostei de fazer até hoje foi Lost Canvas, muitos que costumam assistir episódios pelo youtube talvez até já tenham visto embora nem saibam, é uma dublagem que a abertura original foi substituída pela Pegasus Fantasy da Dr. Metal Factory. Esse com certeza é o meu projeto favorito, onde fiz o Tenma, adaptei texto, escrevi roteiro, fiz edição de som, escolhi elenco, enfim, algo que realmente demandou tempo pra caramba e eu não teria como esquecer XD
Há pouco tempo gravei umas cenas de Fairy Tail, dublei o Natsu (a primeira parte da cena, e dois vídeos com os golpes inclusive já estão no ar), e algo que gostei muito dele é o fato que a série em si tem um tempo de comédia muito bom, ela te permite criar, e quando eu gravei eu fui até o limite nisso.
Agora, citando dois que não saíram ainda, gravei tem uns dois meses o Zero do Vampire Knight para o projeto de um amigo, esse não faço a menor ideia de quando sai por que não estou por dentro do projeto e não conheço muito da série. E outro, de um projeto meu mesmo de um OVA solo do Final Fantasy, Last Order, do Zack, gravei umas falas do Cloud, embora ele passe 90% do OVA ou em coma, ou disfarçado de soldadinho.

E como funciona o processo de produção?
Isso varia de cada um. Por exemplo, eu gosto muito de fazer projetos, episódios, séries inteiras, enfim. E gosto de ter tudo o mais organizado possível, pra ajudar quem vai participar e também pra facilitar na hora de “montar” tudo.
Eu costumo começar vendo o material, e montando um script dividido em Loops (loop no Rio, Anel em São Paulo, é como é chamado cada trecho de 20 segundos do filme), após feito o script, que é um processo bem demorado por que eu costumo usar TCR-IN e OUT (que é um relógio que fica na tela que marca quando a fala entra e quando ela termina), eu faço um esquema dos loops, que é basicamente um arquivo em que organiza quais personagens tem no vídeo e em quais loops ele entra.
Depois disso eu escolho quem vai fazer cada personagem e envio o respectivo material pras pessoas, às vezes já gravo uma pasta inteira só com arquivos de áudios pra referências de pronúncias, e busco, sempre que possível, explicar como são os personagens pra quem vai fazer, e peço pra corrigir, caso erre alguma coisa, isso basicamente é o trabalho de direção.
E pra fechar tem o trabalho de edição e mixagem que é uma parada chata, complexa e que tomaria linhas demais pra explicar e deixaria todo mundo com mais sono do que já devem estar.

E qual a sua ligação com Cavaleiros do Zodíaco? Como estão suas expectativas para o Omega?
Sou fã de Cavaleiros desde os 5 anos de idade, na Manchete, não vou ficar descrevendo isso porque vai ser muito chato né? Mas o que posso dizer, é que mesmo depois de mais velho continuei gostando muito da série, e por conta do próprio Cavaleiros que fui atrás de conhecer dublagem, entender mais, porque era meu anime favorito.
E quando veio Lost Canvas então eu pirei, me apaixonei pela história, tanto que fiz o projeto, adoro fazer o Tenma, todos os personagens do Lost Canvas em si ao meu ver são extremamente envolventes.
Agora, quanto ao Omega, quando eu li a respeito pela primeira vez pensei “ihh lá vem merda, que que a Toei vai inventar agora, vão fazer tipo um Megaman NT Warrior/Bakugan dos Cavaleiros?” ou “Kurumada apronta novamente”.
Pensei que fosse só pra vender brinquedos sem uma história coesa, com algum propósito, mas depois li uns spoilers e minha expectativa deu uma melhorada, e apesar de ser voltado ao público infantil pode ser que agrade a adultos também, principalmente pelo lado nostálgico, e abri minha mente pra isso. E isso que eu acho que é importante, não ir pensando “ahh vai ser ruim”, “ahh vai ser uma merda”, porque se você estiver predisposto a pensar isso com certeza vai ser assim, você inconscientemente já vai desejando que seja algo ruim, você vai assistir só querendo ver aspectos negativos e vai achá-los, ao invés de simplesmente tentar aproveitar o desenho.

Aproveitando a vibe veja o novo teaser trailer do Omega dublado pelo William: 


E ai o que acharam da dublagem???

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